E Pavarotti cantava a todo vigor naquela velha vitrola. Ele desceu as escadas com os olhos fixos ao nada Abriu a porta lentamente e lá estava ela. Sua doce menina Ela não se incomodava mais com a sua presença. Lá está a pequena margarida, enlaçando as fitas da sapatilha em sua pernas transparentes, seu coque como ele ensinara, em perfeito estado, a suavidade de seus passos faria quebra nozes se apaixonar em apenas um Plié. Ele sorriu e a abraçou. Foi quando a bailarina de cristal se quebrou, com os lábios agora em carmim ela fora abandonada ao chão, e a capa negra corria de volta a escuridão Quem seria a próxima musa de sua caixinha de musica?
Ela subiu as escadas calmamente, não podia ser a mesma, a instantes apertava tão forte as mãos de seu anjo da guarda, e agora ele não poderia caminhar com ela para lá, era um momento seu. Sempre fugira mas o momento de agir sozinha chegara, era sua vez de lutar por si mesma... Seu coração queria sair do corpo, queria abandona-la em um momento tão ecêntrico, e ela apertou os dedos contra as mãos na tentativa de não deixa-lo fugir... Todos aqueles rostos faziam os conhecidos se perderem. Ou o lugar era menor, ou haviam muitas pessoas ali, certo que a segunda opção era a verdaderia, ela se acalmou acreditando na primeira. O piano estava aposto e seus companheiros a seguirão... Suas cordas harmonizavam como o céu e a terra,em seu espaço piano, violino e voz se tornavam um, quando abriu os lábios o coração fugiu e adentrou na plateia, suas mãos tocavam mais do que as simples teclas,agora ela se via nos olhos deles, não era potencial, não era dom, era alma em melodia. O medo se tornou em essência... A glória de ouvir seu nome a fez esquecer por um instante dos complexos e defeitos, mas o momento se vai e como a melodia nada mas se toca. Ela se levanta, caminha até as escadas e avista novamente os rostos conhecidos Nada é melhor que sentir-se voar sem ter a asas. Seus versos deveriam relatar aquilo, e pela primeira vez, ela poderia ter ordenado seus sentimentos, mas não quiz... ela apenas vive... A musica? Relato fisico dos desejos de sua alma...