quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

De uns dias atrás

O ônibus rangia como uma velha dormente num domingo após um almoço pesado e exaustivo.
As cortinas cor de mofo balançavam involuntariamente contra o vento, acariciando as janelas gastas e frouxas.
A manhã era ensolarada, mas as nuvens se formavam no céu.
Escuras
Cinzas
Carregadas demais pra uma manhã aparentemente feliz
A menina das fitas olhava para o teto, contando quando furos eram necessários para ele cair. O óculos escuro pendia-lhe aos olhos, tapando inutilmente as lágrimas que insistiam em fugir.
Era pra gente estar feliz
Mas não somos.
Fugimos de nossa casa
E não estamos felizes.
Porque talvez não seja o lugar
Mas sim nossa própria moradia
O corpo, já exausto de procurar um saudável ar
Para fazer de lar.
O ônibus rangia como uma velha dormente num domingo após um almoço pesado e exaustivo, se eu fosse a velha, jamais desejaria acordar

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