quarta-feira, 3 de outubro de 2018

O dia estava chuvoso, eu andava sem rumo e nem me dei conta que havia andado tanto...
Quando dei por mim estava olhando o rio correndo através da ponte velha.
Me lembrei da primeira vez que estive lá, foi com meu pai, eu tinha uns oito anos e ele me levou pra jogar fora uma espingarda velha que tinha em casa do meu avô. Eles me pegaram brincando com ela e decidiram dar fim.
Eu havia perguntado se era possível morrer pulando dali e ele me disse que não, porque a altura era pouca pra dar impacto (até hoje eu me pergunto se ele não disse aquilo só pra eu nunca pular ou se era verdade mesmo), depois eu vi a espingarda afundar e disse "se amarrar algo pesado no pé então não precisa de impacto né?" E ele disse que a água era muito rasa pra um ser humano afundar, a cabeça ficaria pra fora.
Até hoje eu nunca vi notícia sobre suicídio ali
Talvez seja verdade...
Eu estava parada analisando a altura do salto
Fiquei um bom tempo ali
E então ouvi um carro parando
Alguém veio andando e eu reconheci o som daqueles passos
- Você estava me seguindo?
- Não, juro que não, eu passei aqui por um acaso e te vi e lembrei que sempre que passávamos aqui você perguntava se era possível morrer e você estava com um olhar perdido
- Não me toca
- Eu só fiquei...
- Não quero você aqui, saí.
- Eu vou, mas não faz isso

Então eu peguei meu caderno e fui embora

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E se a singelez da margarida for melhor que a sedução da rosa? (Frase Rodrigo; Desenho Maria Luiza

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